Residência Marlúcia • João pessoa PB
Tal qual sabiamente elabora a poetiza norte-americana Emily Dickinson:
“(...) Para preencher um vazio, inserir a coisa que o causou - tenta bloqueá-lo com outra - e mais vai se encarar - não se pode soldar um vazio com ar.”
A residência Marlúcia se desdobra às vontades do espaço.
Pautada pelo respeito ao vazio, onde outrora fora ocupado pelas voluptuosas correntezas de um riacho, a casa se divide em dois blocos, um posterior e um frontal, respectivamente representados pelos espaços íntimos e pelas áreas comuns.
Esses volumes, são implantados nas margens opostas do riacho, e são interligados por duas largas e leves passarelas, pinceladas por áreas de estadia e lazer, sanando as demandas levantadas pela composição arquitetônica e dando vazão à natureza, que reage às memórias do riacho em dias chuvosos.
A privacidade, elemento elencando como principal pela cliente, dá-se por uma fina sequência de ripas amadeiradas verticais, que provocam uma transparência poética, decorrente da luz e da sombra que, por sua vez, performam uma complexa dança na parte frontal do edifício, condensando assim um sentimento singular de surpresa ao adentrar a casa, e deparar-se com um espaço que se abre para a natureza em todos os ângulos.
Por fim, o contexto implantativo geral de integração com o espaço, é contemplado por um rasgo na cobertura, por onde se emoldura as nuances do tempo dentro da residência, criando uma interação necessária, entre concreto e natureza, céu e terra, espaço e lugar... interligando a obra à natureza em um tom respeitoso, onde o vazio se torna arquitetura e fundamenta cheios pela necessidade humana.