Residência Piri Pirenópolis GO

“Aquilo que acontece entre as quatro paredes de uma casa - a casa de quem reconhece a cidade como seu habitat - não é de modo algum uma questão privada, uma vez que habitar é um fato social, onde cada um aceita a convivência com os outros sem muros, com base no respeito humano.” - Flávio Motta

Uma residência compartilhada disposta em um contexto singular na cidade de Pirenópolis - entre dois equipamentos que emanam urbanidade: uma unidade básica de saúde e uma igreja - toma, como partido primordial, o silêncio arquitetônico que se manifesta pela concisão compositiva e implantativa.


O programa de 245m² é dividido de modo a atenuar a escala do edifício e associá-lo à topografia por meio de dois semi-níveis (distantes entre si em um desnível de 1m) - térreo superior, de cunho mais íntimo e reservado e térreo inferior, onde as funções mais coletivas da residência se manifestam. Essa relação é celebrada por um pátio central que, como enunciado pelo poeta argentino Jorge Luis Borges: “é o declive pelo qual se derrama o céu na casa”.

A expressão construtivo-tectônica se estabelece como linguagem principal da arquitetura e, por isso, uma articulação cartesiana de vãos da ordem de 9 e 10 metros possibilitam a criação de um lar circunscrito em grandes vigas de concreto pigmentado na cor branca, sob um pódio estereotômico de ardósia e uma singela cobertura que arremata o conjunto e anuncia a possibilidade de diálogo com o horizonte da cidade por meio de seu solário sobre lâmina d’água.